O que é?

Conceito Neuroevolutivo

O Conceito Bobath foi criado e desenvolvido no início dos anos 1940 pelo Dr. Karel Bobath (Psiquiatra-Neurofisiologista) e Berta Otilie Busse Bobath (Fisioteapeuta). 

Berta Otilie Busse

Nasceu em Berlim em 1907, onde trabalhou inicialmente com ginastas. Seu primeiro marido foi Kurt Roehl. Depois do nascimento de seu filho, Brett, divorciou-se e deixou a Alemanha em 1938. Reencontrou Karel Bobath, médico da Checoslovaquia,que já havia conhecido em Berlim, ambos refugiados judeus. Casaram-se em 1941 e seu filho Brett foi adotado pelo seu segundo marido.

Berta Bobath teve sucesso na reabilitação de Simon Elwes, reconhecido artista pintor, que havia sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) e desenvolvido uma hemiplegia. Com a ajuda do casal Bobath, Simon Elwes pode recuperar a habilidade de pintar novamente.

A originalmente técnica Bobath foi descrita primeiramente em 1948. Em 1951, após ter recebido o título de fisioterapeuta, os Bobath abriram sua clínica em Londres, a Western Cerebral Palsy Centre. 

Em 1965 Berta Bobath publicou seu primeiro livro, Atividade Postural Reflexa Anormal Causada por Lesões Cerebrais (Abnormal Postural Reflex Activity Caused by Brain Lesions).

Karel Bobath

Nasceu em Berlim, em 1906, de uma família originalmente da área Austro-Húngara que havia sido absorvida pela Checoslovaquia, depois da I Guerra Mundial.

Karel estudou medicina na Universidade de Berlim, graduando-se em 1932. Sendo negado a permissão para exercer a profissão em Berlim, resolveu seguir suas raízes familiares, naturalizando-se checoslovaco e voltando a cursar medicina, graduando-se, pela segunda vez em 1936.

Inicialmente exerceu sua profisão como pediatra e cirurgão pediatrico no Children Hospital de Brno em 1939, quando a eminente invasão da Checoslovaquia pelas tropas alemãs, o obrigaram a fugir para Londres, reencontrou Berta que já havia conhecido no Centro da Juventude Judaica em Berlim.

Ambos dividiam um profundo interesse para compreender os problemas dos adultos e crianças com deficiências neurológicas e exploraram como a terapia desenvolvida por Berta poderia fazer a diferença na habilidade para moverem-se.

Karel publicou o livro Base Neurofisiológia para o Tratamento da Paralisia Cerebral (Neurophisiologial Basis for the Treatment of Cerebral Palsy) que deu o embasamento científico para o conceito da terapia neuroevolutiva desenvolvida por Berta Bobath.

Em 1944 foi apontado como diretor da Unidade de Paralisia Cerebral do Harperbury Hospital, onde continuou seus estudos sobre o Conceito Neuroevolutivo e sua aplicação com indivíduos com lesões neurológicas. 

Bobath

O Conceito Bobath

Os Bobaths, viam seu trabalho como um “conceito vivo” que mudaria ao longo do tempo com base em mudanças nas populações atendidas, no sistema de saúde, novas experiências clínicas e pesquisas científicas. Portanto a prática, bem como partes da filosofia e teoria do Conceito Bobath mudaram ao longo do tempo.

Essas alterações têm sido relatadas tanto na literatura voltada para a prática pediátrica quanto na voltada para as doenças neuromusculares de início na idade adulta.1,2,3 Por essa razão que não falamos mais em técnica ou método Bobath e sim em Conceito.

“Não é um método, mas sim um conceito de vida, uma forma de lidar com esse tipo de problema”.

“Desde que começamos nosso tratamento em 1943, temos aprendido constantemente, e a experiência tem nos ensinado a mudar o enfoque e a ênfase em certos aspectos do tratamento”.

Aqueles que abraçam a filosofia Bobath hoje estão continuando no crescimento do “conceito de vida”.

O atual conceito

O atual Conceito de Tratamento Neuroevolutivo-Bobath é um modelo de prática clínica holística e interdisciplinar apoiada em pesquisas atuais e em evolução que enfatizam o tratamento terapêutico individualizado com base na análise do movimento para habilitação e reabilitação de indivíduos com fisiopatologias neurológicas. 

O terapeuta usa o modelo da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) em uma abordagem de resolução de problemas para avaliar a atividade e a participação, identificar e priorizar integridades e deficiências relevantes como base para estabelecer resultados alcançáveis ​​com pacientes e cuidadores.

Um conhecimento profundo do movimento humano, incluindo a compreensão do desenvolvimento típico e atípico, e experiência na análise do controle postural, movimento, atividade e participação ao longo da vida, formam a base para o exame, avaliação e intervenção. 

O manuseio terapêutico, usado durante a avaliação e intervenção, consiste em uma interação recíproca dinâmica entre o paciente e o terapeuta para ativar o processamento sensório-motor ideal, o desempenho da tarefa e a aquisição de habilidades para permitir a participação em atividades significativas e relevantes nas diferentes etapas de sua vida.

O Conceito é utilizado no mundo todo desde 1950 e vem desde então, evoluindo e se aprimorando, como os estudos desenvolvidos em crianças jovens e bebês, por Mary Quinton, fisioterapeuta e Dra. E. Köng, Neuropediatra, de Berna, Suiça.

Na década de 60, após terem feito sua formação com Berta Bobath, em Londres. Mary Quinton e Dra. E. Köng, iniciaram o treinamento de terapeutas na Suiça, tornando-se as pioneiras no tratamento de bebês e do conceito do tratamento precoce que passou a ser utilizado por muitos terapeutas e divulgado entre a classe médica do mundo todo. 

Seu trabalho mudou substancialmente a compreensão da importância do tratamento precoce e tem sido demonstrado a possibilidade de melhora da qualidade de vida dos bebês de risco e mesmo de bebês com padrões de movimentos atípicos. 

Em 2000, Mary Quinton foi homenageada com o prestigioso prêmio da Sunshine Medal, pelo Dr. Helbrugge da Alemanha. Sua expressão única do conceito e sua capacidade intuitiva no tratamento de bebês, tornou-a uma das mais influentes terapeutas do século XX.

Fontes:

1. Bobath K, Bobath B. Acceptance Speech [Audiotape]. First Cura- tive Foundation Awards Dinner, Milwaukee, WI; 1979 

2. Bobath K, Bobath B, Davis J. Part 1: Karl and Berta Bobath, Part 2: Adult Hemiplegia: Principles of Treatment [VHS Video]. As1414sé, CA: International Clinical Educators; 1988 

3. Scrutton D. The Bobaths. Dev Med Child Neurol 1991;33(7):565–566 

4. Cayo C, Diamond M, Bovre T, et al. The NDT/Bobath (Neuro-De- velopmental Treatment/Bobath) Approach. NDTA Network 2015;22(2):1. Updated by the Instructors Group of NDTA May 27, 2016