A Terapia Ocupacional e o Conceito Neuroevolutivo/ Bobath encontram seu princípio e significado na pessoa de Judy Murray, a Terapeuta Ocupacional chefe e Instrutora Sênior do Centro Bobath em Londres, onde trabalhou por 40 anos.
Nascida nos Estados Unidos, Judy formou-se em Terapia Ocupacional em 1965. Seu primeiro trabalho foi com crianças com paralisia cerebral. Bem cedo em sua carreira, conheceu o trabalho do Dr. e Sra. Bobath e em 1968 foi contratada pelo centro em Londres, como a primeira terapeuta ocupacional do Western Cerebral Palsy Center, que mais tarde tornou-se o Centro Bobath.
Quando Judy foi para o Centro Bobath, o papel da Terapia Ocupacional no Conceito Neuroevolutivo não estava ainda definido e coube a ela elaborar e incluir o currículo da Terapia Ocupacional no conceito e, com a ajuda dos outros terapeutas do centro, torná-lo interdisciplinar.
Judy desenvolveu um interesse especial na área da visão e de como as dificuldades visuais afetam as crianças com paralisia cerebral. E assim, desenvolveu um trabalho de compreensão da relação entre movimento, visão e das habilidades perceptivas em crianças com paralisia cerebral.
Atualmente, fazem parte do currículo de Terapia Ocupacional no Conceito Neuroevolutivo os tópicos de processamento dos sistemas sensoriais, visão, percepção, brincar, movimento e o complexo desenvolvimento da função dos membros superiores.
A arte da Terapia Ocupacional no Conceito Neuroevolutivo é combinar manuseios específicos do conceito, com o brincar e o jogo, promovendo a participação da criança em todas as suas atividades diárias.
A criança aprende sobre si mesma e sua relação com o mundo ao seu redor, através do brincar, que é a sua ocupação, o seu “trabalho”, por assim dizer.
A criança com paralisia cerebral apresenta dificuldades específicas na sua participação em seu meio ambiente, de acordo com a etiologia e severidade da lesão.
Cabe ao terapeuta ocupacional, através do conhecimento profundo do desenvolvimento típico do bebê e da criança em seus múltiplos aspectos e através dos manuseios específicos para cada atividade e função, proporcionar oportunidades de participação à criança desde seu ambiente familiar, como através do seu crescimento, acompanhando as demandas do seu meio escolar e social.
Estaremos para sempre gratas à imensa contribuição da terapeuta ocupacional Judy Murray, que nos proporcionou a possibilidade de contribuição em nossa área, no tratamento da criança com paralisia cerebral e demais lesões neurológicas, dentro do Conceito Neuroevolutivo/Bobath. (Oacy Veronesi)